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Arquitetos: AK Architecture Studio
- Área: 245 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Michael Karam
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Fabricantes: AutoDesk, Cidem 2000, Dorken Delta, Grohe, SketchUp
Descrição enviada pela equipe de projeto. Implantada sobre um planalto na base do Monte Líbano, a casa abraça sua paisagem circundante, convidando a natureza a entrar. A planta em forma de U se organiza a partir de um jardim exuberante, de frente para o vale e as belas vistas das montanhas. A funcionalidade das casas tradicionais libanesas e dos pátios japoneses são o centro do espírito da casa. Sua tipologia de pátio cria uma interface entre os seis dormitórios e áreas de estar. O pátio é também o "coração verde", compartilhado e acessível por todos os ambientes ao seu redor, o que faz dele o elemento chave do projeto.
A ideia por trás do 'Coração Verde' é criar um espaço comum no centro do projeto onde os convidados possam se encontrar, reunir e socializar. Além disso, os hóspedes também contam com seu próprio deck na fachada externa, permitindo-lhes desfrutar da paisagem em um ambiente privado. A mudança de espaço articulada em planta também é repetida no corte, verticalmente, com diferentes níveis para cada ambiente e entre os módulos. A arquitetura fragmentada em módulos pequenos e pré-fabricados reduz a escala e oferece uma experiência calorosa e adequada à escala humana. Os módulos de madeira se apoiam sobre um embasamento de pedra, criando um contraste entre a base sólida e os elementos pré-fabricados leves na parte superior.
A casa abraça a natureza ao seu redor, mas também visa reduzir seu impacto, recorrendo a ventilação natural, materiais leves e redução de resíduos de construção, sem alterar ou danificar o terreno em que se encontra. A planta em forma de U permite a ventilação cruzada em todos os espaços, tanto nos quartos quanto nos banheiros - uma solução natural para o resfriamento e a ventilação.
A arquitetura também respeita a topografia natural: a forma do edifício reflete a inclinação do terreno original, e não foram feitas escavações ou mudanças na topografia existente. Os principais materiais utilizados são madeira de pinho carbonizado e aço. Os outros materiais incluem calcário, que é obtido localmente, e um uso mínimo de concreto para as fundações. Como os módulos são pré-fabricados, os resíduos em obra foram consideravelmente reduzidos. Além disso, todos os materiais remanescentes foram reutilizados para criar móveis internos, acessórios e conexões elétricas. As sobras de aço foram transformadas em dispositivos de iluminação, e a madeira foi transformada em prateleiras, mesas e bancos.
O revestimento de madeira carbonizada utilizado (Shou Sugi Ban), é o fruto da antiga técnica japonesa que consiste em queimar a madeira para prolongar sua vida útil e reduzir sua manutenção. Além disso, as persianas verticais marrons são utilizadas como uma primeira "pele", permitindo o suporte estrutural dos dos dosséis. Elas também realçam o verde, ajudando as espécies trepadeiras a alcançar e ampliar o telhado coberto por pinhas. Esta primeira camada de cobertura de origem local e acessível, também é um ativo ambiental, pois bloqueia os raios solares e filtra a água. A conclusão desta casa foi um grande desafio, pois sua obra se deu durante o colapso do estado libanês. É o fruto de uma grande colaboração entre o cliente e o empreiteiro "Kiubz" que conseguiu se adaptar à situação econômica do país.